Condenado a mais de 9 anos hacker que invadiu contas do ex-prefeito Dilador
- Jackson Andrade
- 20 de ago.
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Atualizado: 24 de ago.
Crimes ocorreram em 2020; sentença foi publicada pelo TJ-SP nesta quarta-feira (20).
Por Redação Mantaro | 20/08/2025 • 23h55

O Tribunal de Justiça de São Paulo condenou Patrick César da Silva Brito a nove anos e três meses de prisão, em regime fechado, pelos crimes de invasão de dispositivos eletrônicos e extorsão contra o ex-prefeito de Araçatuba (SP), Dilador Borges Damasceno, e sua esposa, Deomerce de Souza Damasceno. A sentença foi proferida pelo juiz Roberto Soares Leite e publicada nesta quarta-feira (20).
Segundo a decisão judicial, os crimes ocorreram em dezembro de 2020, quando Patrick invadiu os e-mails e redes sociais do casal e passou a controlá-los de forma indevida. Ele exigiu o pagamento de R$ 70 mil para devolver o acesso, sob ameaça de divulgar informações falsas que poderiam comprometer a reputação do então prefeito. O magistrado destacou que “o réu se valeu de grave ameaça para obter vantagem econômica ilícita, utilizando as contas das vítimas como instrumento de intimidação”.
Durante o período em que teve acesso às contas, Patrick chegou a divulgar documentos pessoais de Dilador e utilizou os perfis para enviar mensagens a terceiros, se passando por Deomerce. O filho do casal, Fábio Damasceno, foi quem manteve contato direto com o hacker e registrou as tentativas de extorsão.
As investigações da Polícia Civil confirmaram a autoria do crime. Embora Patrick tenha confessado os atos durante depoimento policial, negou envolvimento em juízo. Testemunhas, documentos e provas técnicas reforçaram a versão da acusação. O juiz ainda aplicou um agravante previsto em lei, considerando que a vítima ocupava cargo público no momento da extorsão.
“A conduta do acusado gerou grande transtorno às vítimas e repercussão institucional, o que justifica a elevação da pena”, destacou o juiz Roberto Leite na sentença.
Patrick deixou o Brasil em fevereiro de 2021 e foi localizado posteriormente na Sérvia, onde permaneceu foragido por meses. A Justiça decidiu manter a prisão preventiva para garantir a aplicação da lei e evitar a repetição de condutas semelhantes, uma vez que o réu responde a outro processo por crimes da mesma natureza.
Defesa contesta pena
A defesa de Patrick, representada pelos advogados Daniel Madeira, Gustavo Nonato Bertoldo e Karine Nakad Chuffi, classificou a condenação como excessiva. Em nota, afirmou que a sentença é "injusta" e que as "questões técnico-jurídicas relacionadas à aplicação do concurso material na dosimetria da pena serão abordadas por meio dos recursos cabíveis".
O próprio condenado, ouvido pela reportagem, alegou que o processo teria motivação política. Ele disse que a promotora responsável seria filha do advogado do ex-prefeito e afirmou que irá comunicar cortes internacionais e órgãos como a Interpol e o governo da Sérvia sobre o caso.
O ex-prefeito Dilador Borges Damasceno foi procurado, mas preferiu não comentar a decisão judicial.