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Indústria calçadista de Birigui sente os efeitos da alta nas importações

  • Foto do escritor: Jackson Andrade
    Jackson Andrade
  • 28 de ago.
  • 3 min de leitura

Entrada de produtos asiáticos e tarifas internacionais impactam ritmo de vendas e exigem estratégias mais agressivas.


Por Redação Mantaro | 28/08/2025 • 20h37

Crescimento das importações e queda nas exportações acendem alerta no principal polo calçadista infantil do país. — Foto: Mantaro
Crescimento das importações e queda nas exportações acendem alerta no principal polo calçadista infantil do país. — Foto: Mantaro

O polo calçadista de Birigui (SP), reconhecido como a capital brasileira do calçado infantil, vive um momento de atenção diante das recentes mudanças no mercado internacional. O crescimento das importações e a desaceleração das exportações têm gerado preocupação entre empresários locais, que veem na concorrência estrangeira um desafio cada vez mais presente.


Segundo a Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados), o saldo da balança comercial do setor caiu quase 80% em julho de 2025. O país importou 4,2 milhões de pares no mês, totalizando US$ 66 milhões — o maior valor em dólares desde 1997. O impacto é direto sobre polos produtivos como Birigui, que reúne cerca de 400 fábricas e emprega 20 mil pessoas diretamente.


Silvia Mestriner, presidente executiva do Sinbi (Sindicato das Indústrias do Calçado e Vestuário de Birigui), afirma que o momento exige atenção.

“O polo é fundamental para a economia da cidade, não só pela geração de empregos, mas também pelo impacto social. Qualquer variação no mercado nacional ou internacional chega rapidamente até nós”, explicou.

De janeiro a julho de 2025, o Brasil importou 26,58 milhões de pares — um aumento de 27,5% em volume e de 30,5% em receita em relação ao mesmo período do ano anterior. Os principais países fornecedores foram Vietnã, China e Indonésia, que colocam no mercado brasileiro produtos com preços inferiores aos da indústria nacional, pressionada por altos custos tributários e produtivos.


Enquanto isso, as exportações seguem em ritmo moderado. O Brasil embarcou 59,88 milhões de pares nos sete primeiros meses do ano, gerando US$ 574 milhões. Em julho, porém, houve retração: queda de 7,3% em volume e de 11,8% em valor.


Diante desse cenário, parte das indústrias de Birigui (SP) tem buscado ampliar a presença no comércio exterior, principalmente em países sul-americanos como Equador, Paraguai, Argentina, Bolívia e Peru. O selo de Indicação de Procedência do Calçado Infantil de Birigui tem sido uma ferramenta importante para reforçar a credibilidade dos produtos locais.


Entretanto, mercados estratégicos como os Estados Unidos ainda representam um desafio.

“Algumas empresas estão prospectando, mas nossa presença ainda é pequena. Por isso, o impacto das novas tarifas americanas, que preocupam o setor nacional, não será imediato para o polo”, pontuou Silvia.

A Abicalçados projeta queda de até 9% nas exportações brasileiras em 2025 devido ao chamado “tarifaço”, o que já tem provocado cancelamento de encomendas. Caso o cenário se agrave, os reflexos indiretos podem atingir Birigui (SP), sobretudo pela retração de investimentos no setor.


Para manter a competitividade, as indústrias locais têm apostado em tecnologia e inovação. O uso de cortes automatizados, modelagem 3D e softwares de gestão integrada já é realidade em parte das fábricas, enquanto o trabalho artesanal segue presente, especialmente nas pequenas e médias empresas.


A diversidade de modelos também se destaca como trunfo do polo. De galochas a tênis e sandálias, os calçados infantis de Birigui aliam conforto, segurança e design, características valorizadas tanto no mercado interno quanto externo.


Apesar dos esforços, os números de julho reforçam a preocupação: o volume de pares importados aumentou 98,5% em relação ao mesmo mês de 2024, movimentando quase 90% a mais em valores.

“O desafio é competir com produtos que chegam muitas vezes a preços inviáveis para a indústria brasileira”, destacou Silvia.

Ela também ressalta o papel das feiras e rodadas de negócios internacionais, como a BFSHOW, que ajudam empresas de Birigui a expandir contatos e contratos.

“É uma forma de garantir visibilidade e presença em mercados estratégicos, mesmo diante das dificuldades”, disse.

No mercado interno, que continua sendo o principal destino da produção local, as empresas buscam se diferenciar com qualidade e práticas sustentáveis. O uso de materiais alternativos e recicláveis tem ganhado espaço, acompanhando a tendência global de consumo consciente.


Com forte impacto econômico e social, a cadeia produtiva do calçado infantil continua sendo a principal engrenagem da economia de Birigui (SP). Silvia resume o momento como de cautela, mas também de oportunidade:

“Temos diferenciais consolidados, como a tradição e a força da nossa mão de obra. Isso nos dá condições de continuar inovando e crescendo”.

 
 
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