Pouso forçado em fazenda em Birigui (SP) completa 23 anos sem vítimas fatais
- Jackson Andrade
- 30 de ago.
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Em 2002, aeronave da TAM sofreu falha no motor e esgotamento de combustível, obrigando piloto a pousar em área rural.
Por Redação Mantaro | 30/08/2025 • 22h51

Em 30 de agosto de 2002, o voo 3804 da TAM Linhas Aéreas foi obrigado a realizar um pouso forçado em uma fazenda no interior de São Paulo, marcando um dos incidentes mais inusitados e lembrados da aviação civil brasileira. O avião, modelo Fokker 100, prefixo PT-MQH, havia decolado do Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) com destino a Brasília (DF), com escalas previstas em Campo Grande (MS) e Cuiabá (MT).
Durante o voo, um vazamento de combustível levou o piloto a solicitar pouso de emergência no Aeroporto de Araçatuba (SP). No entanto, a falha não foi detectada pelos instrumentos de bordo e ambas as turbinas deixaram de funcionar antes que a aeronave conseguisse alcançar o aeroporto alternativo. Restou ao comandante optar por um pouso forçado em uma fazenda na zona rural de Birigui (SP).
A bordo estavam 24 passageiros e cinco tripulantes. Quatro pessoas tiveram ferimentos leves e os demais saíram ilesos. Uma vaca que estava no local foi atingida durante a aterrissagem e precisou ser sacrificada. O impacto danificou seriamente a fuselagem, trem de pouso e turbinas da aeronave.
O acidente aconteceu por volta das 11h da manhã. Segundo testemunhas da fazenda, o avião voava extremamente baixo momentos antes do pouso. “Ele passou por cima de todas as árvores, bem baixinho. 'Tirou' da rede de luz lá de cima”, relatou um funcionário do sítio Santa Ana, onde o Fokker 100 aterrissou.
O caso teve grande repercussão nacional. No domingo seguinte ao acidente, mais de 3.000 pessoas foram ao local para ver a aeronave, transformada temporariamente em ponto turístico. Vendedores ambulantes também compareceram, atraídos pelo grande fluxo de curiosos.
A investigação conduzida pela Divisão de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Dipaa), vinculada ao Departamento de Aviação Civil (DAC), concluiu que houve falha mecânica em um dos tubos de alimentação de combustível do motor direito. O componente estava entupido, provocando perda de combustível não detectada pelos sistemas internos. A TAM, em nota oficial, descartou falha humana tanto na manutenção quanto no abastecimento.
O sobrevivente Mario Valente relatou que a tripulação manteve os passageiros informados sobre a situação.
“Foi um milagre. Todos praticamente estavam unânimes de que realmente foi um excelente piloto, que conduziu com prudência para aterrissar ali”, disse à época.
Curiosamente, cerca de uma hora após esse incidente, outro avião Fokker 100 da TAM — voo 3499 — também enfrentou problemas técnicos e precisou realizar um pouso de emergência em Viracopos, em Campinas (SP), após falha no trem de pouso. Não houve feridos.
Mesmo passadas mais de duas décadas, o episódio do voo 3804 ainda é lembrado como um exemplo de habilidade técnica e controle emocional da tripulação diante de uma situação crítica. A ausência de vítimas fatais foi considerada, por muitos, um desfecho quase improvável frente à gravidade da ocorrência.





